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DOLOR EXQUISITO

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>>> DOLOR EXQUISITO (Argentina)

Direção: Emilio García Wehbi

Com: Maricel Alvarez

“En 1984 gané una beca para ir a Japón durante tres meses. Partí de París el 25 de octubre, sin saber que esa fecha marcaba el comienzo de 92 días de cuenta regresiva hacia el final de una historia de amor, nada fuera de lo común, pero en ese entonces lo viví como el día más infeliz de toda mi vida”.

A artista francesa Sophie Calle causou polêmica quando expôs a dor do abandono, ao dar vida às suas memórias em Dolor exquisito, livro e exposição multimídia nos quais abriu o coração já recuperado da perda de um grande amor, após uma viagem de longa estada ao Japão. Isso aconteceu nos anos 80, mas foi nos anos 2000 que tudo veio a público.

O festejado diretor teatral argentino, Emilio García Wehbi, e a atriz Maricel Alvarez (que apareceu para o mundo com o ótimo BIUTIFUL, de Alejandro Iñarritú, fazendo par com Javier Bardem, em atuação premiada), resolveram refazer a trajetória de Sophie e criar seu próprio caminho de perdas.

Com o argumento de que tentaria retomar as andanças de Sophie Calle no Japão, esta mulher parte e, numa retrospectiva, fala desses dias distantes, que se tornam vazios ante a saudade e o pressentimento da perda de um grande amor.

O cenário é asséptico, todo branco, quase um ambiente hospitalar para mostrar a mulher que relata suas experiências. Uma estante com bonecos, objetos, souvenirs da viagem. Duas poltronas brancas, numa delas um boneco no qual serão projetados depoimentos de pessoas respondendo a: qual foi a maior dor que você já sentiu em sua vida? Na outra poltrona, Maricel Alvarez brilha como a apaixonada que se arrepende de ter passado noventa dias no Oriente. Mostra fotografias da viagem, emociona-se, ri, sempre mostrando os dias que faltam antes da DOR. O público divide-se entre essas imagens projetadas e a atriz, correndo o risco de perder a sutileza de atuação de Alvarez se muito se fixar nas belas fotos.

Na segunda parte do espetáculo, o relógio corre para outro lado. Cada dia posterior ao abandono desse amor traz um distanciamento da dor. A mesma história é contada algumas vezes. Entre elas, os depoimentos tristes de pessoas que também sofreram perdas. O interessante é que, a cada recuperação do que aconteceu com aquela mulher, algumas informações são omitidas. De início, todo um sofrimento para contar que esse amor comprou passagens e hotel na Índia para um reencontro, mesmo na véspera manteve-se firme no plano, até o momento em que a mulher recebeu um bilhete no aeroporto de Nova Deli avisando de que ele não viria.

Da dor à superação. Se chega a ficar previsível o final do texto, em nenhum momento a soberba atuação de Maricel Alvarez torna o espetáculo cansativo, dominando a plateia com sua voz e suas expressões faciais. Por ser asséptico, não há uma grande identificação entre o sentimento que essa mulher passa e o público. Não haverá lágrimas de tristeza, apenas o reconhecimento de uma ex-apaixonada que reconstrói seu ponto de vista sobre esse amor. E isso também é compartilhar a dor.

Dolor exquisito é teatro de primeira qualidade.

(* * * * – )

Argumento.net é veículo oficialmente credenciado ao PORTO ALEGRE EM CENA


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